Jornal O Galante
O Projeto Nação Potiguar fez circular o periódico GALANTE uma vez por mês durante dois anos, numa triagem média de 16.000 exemplares para cada número, encartado no jornal Tribuna do Norte. Fechado o ciclo oficial de discussão sobre o início da colonização brasileira e os seus 500 anos, resolvemos compilar os vinte e quatro números por cada volume. Viabilizando uma enciclopédia alternativa, trazendo textos e verbetes sem ranços acadêmicos e, ao mesmo tempo, alcançando uma visão antropológica ornada de uma concepção foto-gráfica atraente, documental.
Na selva de símbolos disponíveis, optamos para nominá-lo pela figura emblemática do brincante, do dançarino GALANTE, do Boi-de-Reis, nosso auto mais característico.
O olhar que Lançamos foi o de provocar uma panorâmica significativa das manifestações populares locais. O dicionário do Folclore Brasileiro de Luís da Câmara Cascudo, editado em 1953 com a colaboração de dois intelectuais norte-rio-grandenses (Hélio Galvão e Veríssimo de Melo), ajudando a enfatizar o recorte potiguar, foi um dos vetores que estimularam esse pensamento.
As comemorações dos 400 anos de fundação da cidade de Natal, o questionamento da globalização e a necessidade de re-identificação, como resistência micro-estética no contexto da nação Brasil, também foram argumentos para repensar a nossa cultura e sua base formadora. E aí, o ponte de partida, inevitavelmente foi aquele amalgamado numa matriz de artistas excluídos, arcaicos, que seguramente reinscrevem nossa identidade e fornecem probabilidade para a contemporaneidade. Das influências árabes, afro descendentes, ibéricas, nos projetamos numa aventura onírica de temas e colaboradores. Dos brinquedos lúdicos, das danças, autos, sonoridades, fitoterapia, culinária, religiosidade, bordados, oralidade, pinturas, bonecos de João Redondo, fotografia exclusivas de Candinha Bezerra, num registro iconográfico sem precedentes a pontuação textual de várias áreas de conhecimento como: Dramaturgia, Psicanálise, Literatura, Homeopatia, Sociologia, Música, Etnografia. Só poderia, e essa expectativa se confirmou, resultar num trabalho qualitativo e satisfatório.
A tarefa restante é procurar disseminar essa informação e fazê-la circular numa dinâmica viva, de modo não dissociado da realidade, do momento.
Trata-se, então, de uma visão sincrônica desse denso tecido cultural que é a manifestação popular no Rio Grande do Norte.
Dácio Galvão